Literaturas Africanas
No dia 17/11, haverá a mesa-redonda As Áfricas e o mundo, de que participarão Francisco Soares (Angola), João Paulo Borges Coelho (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique) e Carmen Tindó Secco (UFRJ), com mediação de Nazir Ahmed Can (UFRJ).
Por sua vez, a mesa Escritas africanas: entre texto e instituição literária ocorrerá no dia 18/11. As palestras caberão a Francisco Noa (Moçambique), Maria de Fátima Fernandes (Universidade de Cabo Verde), Maria Odete da Costa Semedo (Universidade Amílcar Cabral, Guiné-Bissau) e Maria Teresa Salgado Guimarães (UFRJ). A mediação será de Vanessa Ribeiro Teixeira (UFRJ).
Importante: as sessões ocorrerão das 11h às 13h (horário de Brasília).
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17 de novembro
AS ÁFRICAS E O MUNDO
Resumo da mesa
Ao colocar em cena contextos, registros artísticos e problemas contemporâneos de natureza diversa, que interagem com dinâmicas de foro político e filosófico, a mesa encontra sua unidade na ideia de conflito – esse grande motor de criação.
O escritor e historiador moçambicano João Paulo Borges Coelho reflete sobre o lugar da literatura em períodos intervalares, como o atual, vivido de modo intenso e diferenciado em todo o planeta.
Francisco Soares, por sua vez, oferece-nos uma leitura do romance de estreia de Aida Gomes, escassamente conhecido entre nós.
Carmen Tindó Secco avaliará se, na literatura e no cinema de Angola, a representação alegórica da distopia pode ser vista como uma efetiva forma de resistência política ao estado de coisas.
Mediador
Professor adjunto de Literaturas Africanas na UFRJ e pesquisador do CNPq e da FAPERJ.
Licenciado em Letras pela Universidade do Porto (com estágio na Universidade des Saarlandes), doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade Autônoma de Barcelona (com estada na University of Liverpool), desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado na Universidade de São Paulo entre 2012 e 2015 (com estágios no CESAB – Moçambique) e foi recentemente professor visitante na Universidade de Salamanca.
É autor de O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio (São Paulo: Kapulana, 2020) e Discurso e poder nos romances de João Paulo Borges Coelho (Maputo: Alcance, 2014), além de coautor de Hybridations problématiques dans les littératures de l’océan Indien (Ille-sur-Têt: Éditions K’A, 2010) e Visitas a João Paulo Borges Coelho. Leituras, diálogos e futuros (Lisboa: Colibri, 2017).
Palestra 1
Retomar o fio à meada
Resumo da palestra
Feixes de acontecimentos próximos e longínquos, atados por um só fenômeno, irromperam como causa de um grande solavanco, como se por um tempo o mundo tivesse resolvido parar de girar. Depois tudo retorna, mas por enquanto é o espanto de nem um som nem um movimento.
Os historiadores gostam destes intervalos em que as coisas antigas se entrechocam com aquelas que hão-de vir, dizem que é neles que o mundo se desnuda antes que regressem os pudores e ele se volte a cobrir.
Podemos escolher ainda uma outra imagem, uma sala onde alegres amigos conversadores se calam subitamente e desse silêncio se costuma dizer: passou um anjo.
Como se traduz isso na escrita?
Palestrante
Doutor em História Econômica e Social pela Universidade de Bradford (Reino Unido) e doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro (Portugal), é professor catedrático de História Contemporânea na Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique).
Como ficcionista, é hoje uma mais reconhecidas vozes dos espaços literários de língua portuguesa.
Além dos diversos prêmios já recebidos, seus romances, estórias e novelas estão publicados em países como Moçambique, Portugal, Itália, Colômbia e Reino Unido.
No Brasil, foram recentemente lançados, pela Editora Kapulana, os romances As visitas do Dr. Valdez (2019) e Crônica da Rua 513.2 (2020).
De sua obra, podemos citar ainda títulos como As duas sombras do rio (2003), Índicos indícios – setentrião/meredião (2005), Campo de trânsito (2007), Hinyambaan (2008), O olho de Hertzog (2010), Cidade dos espelhos (2011), Rainhas da noite (2013), Água (2016) e Ponta Gea (2017).
Palestra 2
As vozes na organização da escritura de Os pretos de Pousaflores, de Aida Gomes
Resumo da palestra
O objetivo é tentar compreender como a colocação, composição e manipulação das vozes monta a estrutura narrativa desse quase romance de formação, primeiro da autora.
Palestrante
Professor visitante do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Nessa instituição, integra o projeto de edição de um dicionário dos periódicos lusógrafos em língua portuguesa no século XIX, financiado pela CAPES.
De sua produção, Notícia da literatura angolana (Lisboa: IN-CM, 2001), Teoria da literatura: criatividade e estrutura (Luanda: Kilombelombe, 2007) e Kicôla: estudos sobre a literatura angolana do século XIX (Luanda: Mayamba, 2012) são alguns dos muitos livros que publicou. Sua última obra intitula-se Antologia lírica angolana: roteiro mínimo (Campinas: Unicamp, 2019).
Palestra 3
O lugar da arte em tempos distópicos
Resumo da palestra
Nossa palestra almeja refletir acerca de temporalidades distópicas em Angola, abordando narrativas angolanas contemporâneas tanto no âmbito da literatura como no do cinema.
Pretendemos discutir o lugar da distopia, investigando se as representações estéticas alegóricas presentes nas obras analisadas se oferecem como formas de resistência e crítica efetiva aos tempos sombrios atuais, que nos ameaçam e nos envolvem em incertezas e perplexidades.
Palestrante
Professora titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ, ensaísta e pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
Tem mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1976), doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e pós-doutorado pela Universidade Federal Fluminense, com estágio na Universidade Politécnica de Moçambique (2009-2010).
Foi consultora do Projeto NILUS, coordenado por Ana Mafalda Leite.
É autora, em parceria com Ana Mafalda Leite e Luis Carlos Patraquim, do livro CineGrafias moçambicanas: memórias & crônicas & ensaios (Kapulana, 2019).
18 de novembro
ESCRITAS AFRICANAS: ENTRE TEXTO E INSTITUIÇÃO LITERÁRIA
Resumo da mesa-redonda
Projetada para o debate à volta dos mecanismos de inserção, exclusão e renovação da escrita literária em diferentes contextos africanos, a mesa II reúne dados sobre “geração” e “gênero”, “língua” e “identidade”.
Francisco Noa examinará as temáticas e formas privilegiadas pelas novas gerações e observará o potencial das mesmas para o alargamento de horizontes estéticos na literatura de Moçambique.
A palestra de Maria de Fátima Fernandes nos mostrará como a língua e a identidade, categorias negociadas em permanência, seguem desafiando o olhar crítico e teórico.
Em sua palestra, Odete Semedo apontará a importância das mandjuandadi e das cantigas de dito para o conhecimento da memória coletiva e da poesia moderna da Guiné-Bissau.
Focalizando a produção de Noémia de Sousa, Lília Momplé e Paulinha Chiziane, Teresa Salgado discutirá noções como “utopia” e “alienação racial”.
Mediadora
Professora adjunta do Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ, onde fez doutorado em Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portuguesa.
Suas investigações têm se debruçado sobre as relações entre literatura e história na ficção africana em Língua Portuguesa, articuladas por meio da alegoria.
Atualmente, coordena o projeto de pesquisa “O corpo como alegoria da história na escrita ficcional de Angola e Moçambique”.
Palestra 1
A vocação cosmopolita da literatura moçambicana
Resumo da palestra
Privilegiando textos publicados pelas gerações mais recentes, procurarei refletir sobre as tendências da literatura moçambicana.
Diferentemente das anteriores, os autores que surgiram nas últimas décadas preocupam-se menos com a reivindicação de um determinado território cultural e identitário ligado ao Estado-nação do que com o seu sentido de pertença ao mundo e a uma determinada subjectividade questionadora, marcada, em linhas gerais, pela inquietação e pelo exercício de uma liberdade criativa, afirmativa e desafiadora.
Palestrante
Doutor em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (2001) pela Universidade Nova de Lisboa, é ensaísta, crítico literário e professor universitário desde 1992.
Autor de diversos livros, publicados em Moçambique, Portugal e Brasil, foi agraciado com o Prémio BCI de Literatura de 2014.
Foi membro do júri do Prêmio Camões (2006, 2007) e do Prêmio Oceanos (2018, 2019), diretor e investigador (2012-2014) do Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança (CESAB), investigador associado na Universidade de Coimbra e reitor da Universidade Lúrio (UniLúrio) (2015-2020).
No Brasil, pela Editora Kapulana, publicou alguns títulos de sua vasta produção: Império, mito e miopia. Moçambique como invenção literária (2015); Perto do fragmento, a totalidade. Olhares sobre a literatura e o mundo (2015); Uns e outros na literatura moçambicana. Ensaios (2016).
Palestra 2
Língua e Identidade: subsídios para a leitura do cânone africano em autores lusófonos
Resumo da palestra
Este tema procura elencar alguns tópicos e referências presentes nos textos dos autores do espaço africano e visa contribuir para uma reflexão sobre a distinção de um cânone africano no contexto de língua portuguesa.
A defesa da Língua e Identidade nos discursos e representações literárias constitui uma apropriação transversal aos autores africanos lusófonos, desafiando a crítica e a teoria contemporâneas a sistematizar o paradigma da diferença e a autonomia desse contexto.
Palestrante
Nascida em São Tomé e Príncipe, filha de cabo-verdianos, é doutora em Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo, com a tese A expressão metafórica do sentido de existir na literatura cabo-verdiana contemporânea: João Vário, Corsino Fortes e José Luís Tavares.
É professora auxiliar da Universidade de Cabo Verde – leciona Estudos Literários, Literatura Cabo-verdiana, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas – e coordenadora da Linha de Investigação Leitura e Literatura Cabo-verdiana da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa.
Animadora de leitura literária e curadora da Biblioteca Nacional de Cabo Verde entre fevereiro 2017 a outubro de 2018, é ainda membro da Fundação Amílcar Cabral.
Palestra 3
Cantigas de mulher: as mandjuandadi e as cantigas de dito
Resumo da palestra
As mandjuandadi e as cantigas de dito: cantigas de mulher como expressão da vida social guineense, lugar de tensões e da criação poética.
O estudo das mandjuandadi e das cantigas de dito revela-se de suma importância não só para o conhecimento histórico, sociológico, etnográfico da memória coletiva guineense, mas principalmente para a compreensão das fontes em que bebe a moderna poesia da Guiné-Bissau.
Palestrante
Nasceu em Bissau.
É docente da Universidade Amílcar Cabral, da qual foi também reitora, e é pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa – INEP.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses) pela Universidade Nova de Lisboa (1989/1990).
Doutorou-se em Letras pela PUC-MG (2010).
Dirigiu a Escola Normal Superior Tchico-Té.
Foi presidente da Comissão Nacional para a UNESCO-Bissau.
Foi ministra da Saúde e da Educação Nacional e do Ensino Superior.
Foi cofundadora e é membro do Conselho de Redação da Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura.
Publicações: Entre o ser e o amar (1996); Sonneá e Djénia. Histórias e passadas que ouvi contar I e II (2003); No fundo do canto (edição portuguesa 2003; edição brasileira pela Nandyala, 2007) e livros de ensaios. decorada em 2003, na categoria escritor, como personalidade que colaborou para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Palestra 4
Imagens da busca de felicidade – vozes femininas da literatura moçambicana
Resumo da palestra
Ao longo da história humana, podemos perceber que nenhum conceito ou noção se fez tão presente às nossas preocupações quanto a busca de felicidade, ganhando, ao longo do tempo, conotações e aspectos diferenciados, em função do contexto histórico.
Vamos observar, então, imagens de busca de felicidade na obra de três escritoras moçambicanas, em diferentes períodos.
Na poesia “Se esse poema fosse”, de Noémia de Sousa, perceberemos como essa busca se marca pela imaginação utópica de uma nova sociedade; no conto “O baile de Celina”, de Lília Momplé, destacaremos o modo como a demanda de felicidade pode ser guiada pelo processo de alienação racial em vigor na sociedade colonial; no romance Niketche, de Paulina Chiziane, desejamos mostrar como, finalmente, podemos encontrar uma busca de felicidade pautada em demandas da mulher como pessoa e como coletividade.
Palestrante
Professora associada de Literaturas Africanas de língua portuguesa da Faculdade de Letras da UFRJ desde 2006.
Mestre em Literatura Brasileira pela UFRJ e doutora em Literaturas Africanas pela PUC-Rio, desenvolveu pesquisa de pós-doutorado com ênfase na escrita feminina Sorbonne Université (Paris 4).
Tem experiência na área de Literaturas de língua portuguesa (Brasil, África e Portugal), atuando não só na área das literaturas africanas, mas da literatura comparada.
Interessa-se pelas imagens ligadas ao universo do riso, à busca de felicidade e às questões de gênero e autoria feminina.
É pesquisadora associada do Centro de Pesquisas Interdisciplinares sobre os Mundos Ibéricos Contemporâneos (CRIMIC), líder do grupo de pesquisa Escritas do Corpo Feminino e autora de obras nas áreas de Literaturas Africanas e Estudos de Gênero.
FALE CONOSCO
E-mail: cippglev@letras.ufrj.br
PLATAFORMA DO CONGRESSO

Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Eugenia Lammoglia Duarte
Vice-Coordenadora: Profa. Dra. Eliete Figueira Batista da Silveira
Secretário: Renato Martins e Silva