Literatura Brasileira
A primeira mesa-redonda da área ocorrerá no dia 17/11, com o título Do sertão maravilhoso ao deserto aterrador. Contará com a participação dos palestrantes Georg Wink (Universidade de Copenhague) e Leonardo Tonus (Sorbonne Université), aos quais se somará Ronaldes de Melo e Souza (UFRJ). A mediação será de Godofredo de Oliveira Neto (UFRJ).
No dia seguinte, a mesa Contemporaneidades na literatura brasileira será integrada por Leila Lehnen (Universidade Brown), Lucía Tennina (Universidade de Buenos Aires) e Anélia Pietrani (UFRJ). A mediação caberá a Gilberto Araújo (UFRJ).
Importante: as sessões ocorrerão das 11h às 13h (horário de Brasília).
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17 de novembro
DO SERTÃO MARAVILHOSO AO DESERTO ATERRADOR
Resumo da mesa
A mesa se estende de meados do século XX até a atualidade, tendo como ponto de partida a ficção e, como termo, a história.
Ronaldes de Melo e Souza destaca a singularidade da criação rosiana, no tocante ao estilo e também à capacidade de integrar todos os seres vivos em um todo protagonista.
A palestra de Leonardo Tonus desloca o foco para décadas à frente: descortina o romance produzido durante a abertura política, com destaque para os escritos sobre imigração.
Por fim, Georg Wink desemboca no presente, em plena realidade, onde a narrativa vitoriosa devolve o Brasil aos grilhões do tradicionalismo, do colonialismo e do elitismo.
Além de enriquecer nossa visão da literatura brasileira, as três falas e o debate que as seguirá certamente nos ajudarão a pensar o próprio país.
Mediador
Professor titular de Literatura Brasileira da UFRJ.
Mestre e doutor, respectivamente, pelas universidades Sorbonne Nouvelle – Paris III e UFRJ. Fez pós-doutorado na Georgetown University, EUA.
Foi professor das universidades de Veneza C’A Foscari e Sorbonne Nouvelle – Paris III.
Conferencista em instituições brasileiras e estrangeiras, entre elas Unicamp, Stanford, Sorbonne e Universidade de Aarhus, Dinamarca.
Autor de quinze livros, entre obras de ficção e de crítica literária.
Participou de 130 bancas de doutorado e mestrado, das quais 37 como orientador (seis como supervisor de pesquisa de pós-doutorado).
Foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da UFRJ, pró-reitor da UFRJ, presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa da CPLP, presidente da Comissão de Língua Portuguesa do MEC, entre outras atividades administrativas na área de ensino.
Foi membro titular do Conselho de Cultura do Rio de Janeiro e integra várias comissões editoriais e instituições culturais do Brasil e do exterior.
Palestra 1
A saga rosiana do sertão
Resumo da palestra
No contexto da literatura ocidental, a saga rosiana se notabiliza pela originalidade do estilo narrativo. Nada tem a ver com a saga heroica nem com o sistema de parentesco. Não se limita a narrar a forma humana de vida, mas abrange a vida em si mesma, que inclui todos os seres viventes, particularmente os vegetais, os animais e os homens inseridos de corpo e alma no mundo do sertão.
Em Sagarana e Corpo de baile, a natureza telúrica desempenha a função privilegiada de protagonista que norteia o destino dos demais personagens. Ao realizar a mimese da unidade proliferante da terra sertaneja, o narrador rosiano elabora uma nova poética, que se pode chamar geopoética.
Palestrante
Atua no Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas desde 1998, vinculado à linha de pesquisa Estudos de Narrativa.
Há muitos anos desenvolve pesquisa original sobre a arte do narrador e a narrativa especificamente ficcional.
Publicou livros, alguns premiados, sobre grandes romancistas brasileiros, como Machado de Assis, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa.
Suas publicações cobrem áreas afins à literatura, como demonstram os títulos de seus dois últimos livros, Ensaios de poética e hermenêutica e Fenomenologia das emoções na tragédia grega.
Escreveu livros, ainda inéditos, sobre Cervantes, Dostoiévski e Shakespeare. Um deles, sobre James Joyce, sairá este ano pela 7Letras.
Esta ampla gama de conhecimentos, assiduamente atualizada num trabalho incansável de pesquisa, aparelha e substancia todos os cursos que ministra.
Palestra 2
Entre consenso e dissenso: os caminhos do romance brasileiro durante a transição democrática
Resumo da palestra
No contexto de transição democrática, as questões sobre a memória coletiva ou individual ocupam um lugar de destaque dentro da produção cultural brasileira.
Após um período de engajamentos políticos, a literatura brasileira passa a interrogar o sujeito posicionando-o sob o signo de mal-estar identitário, mediante as modalidades de “des-herança”.
As figuras do órfão e do bastardo ocupam um lugar central neste novo paradigma que visa a repensar a forma como o indivíduo dialoga com suas origens e sua herança cultural.
Grande parte dos romances sobre imigração publicados durante esse período se enquadra nessa problemática a partir, nomeadamente, de uma dinâmica contraditória, fundada no consenso e no dissenso.
Palestrante
Professor de Literatura Brasileira na Sorbonne Université (França).
Em 2014, foi condecorado pelo Ministério de Educação francês Chevalier das Palmas Acadêmicas e, em 2015, Chevalier das Artes e das Letras pelo Ministério da Cultura francês.
Curador do Salon du Livre de Paris de 2015 e da exposição “Oswald de Andrade: passeur anthropophage” no Centre Georges Pompidou (França, 2016), é o idealizador e organizador do festival Printemps Littéraire Brésilien.
Publicou diversos artigos acadêmicos sobre autores brasileiros contemporâneos.
É autor de duas coletâneas de poesia: Agora vai ser assim (Editora Nós, 2018) e Inquietações em tempos de insônia (Editora Nós, 2019).
Palestra 3
Dimensões de um surto cultural atávico: a narrativa do “Brasil de verdade” como denominador comum para as vertentes da “Nova Direita”
Resumo da palestra
Em resposta ao projeto progressista de nação, promovido por forças modernizantes, democratizantes e desenvolvimentistas no início do século XXI, com o objetivo de presentificar o “país do futuro”, a Nova Direita no Brasil reciclou, em forma de retrotopia, uma narrativa quingentenária, de cunho tradicionalista, colonialista e elitista, pela qual promete reancorar o país em suas tradições.
Em minha fala, vou examinar as causas da persistência e da força persuasiva dessa macronarrativa e os porquês de ela permitir a adesão não só de conservadores, tais como fundamentalistas (neo)pentecostais, católicos ultramontanos e monarquistas, mas também – inesperada, porém logicamente, considerando o contexto estrutural brasileiro – de defensores do liberalismo e do autoritarismo mundanos, criando, dessa forma, a base para o conservadorismo libertário em sua versão brasileira.
Palestrante
Professor associado de Estudos Brasileiros e Latino-Americanos na Universidade de Copenhague, onde dirige o Centro de Estudos Latino-Americanos (CLAS).
Tem formação em Estudos Culturais, Sociologia e Economia pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Livre de Berlim.
Foi professor da Universidade Livre de Berlim, da Universidade Técnica de Dresden e professor visitante na Universidade Federal de Minas Gerais.
Pesquisa e publica amplamente sobre aspectos sociais, políticos, culturais e históricos do Brasil. Atualmente investiga o ideário da assim chamada “Nova Direita” no Brasil.
Entre as publicações mais recentes, destacam-se o capítulo “Olavo de Carvalho e a verdade de Deus” (em Pensadores-chave da Direita Radical, org. Mark Sedgwick, RedTapioca 2020) e a organização da coletânea Living (Il)legalities in Brazil: Practices, Narratives and Institutions in a Country on the Edge (com Sara Brandellero e Derek Pardue, Routledge 2020).
18 de novembro
CONTEMPORANEIDADES NA LITERATURA BRASILEIRA
Resumo da mesa-redonda
A diversidade de temas, gêneros e formas da literatura brasileira contemporânea exige uma crítica vigorosa, que também se alimente da pluralidade.
Nesta mesa, Leila Lehnen investigará a interseção entre literatura e imaginário ecocrítico em produções literárias que refletem sobre marginalização social e violência ambiental.
Lucía Tennina examinará posicionamentos da crítica em relação à literatura brasileira, refletindo sobre olhares que compreendem o contemporâneo como forma de vida ligada à criatividade e à agência, bem como acerca daqueles que pensam a ideia de contemporaneidade conectada à dimensão do fim e, em igual medida, sua superação.
Anélia Pietrani, por sua vez, discorrerá sobre o corpo escrito na página e o deslizamento da página para o corpo, apresentando o trabalho criativo e crítico de poetas brasileiras que compreendem o poema como voz e ato contra o discurso de violência presente na história social e cultural de mulheres.
Em todas as falas, a reflexão incidirá sobre o valor e o compromisso da literatura, em especial se o pensamento vislumbra qualquer risco à democracia.
Mediador
Professor adjunto de Literatura Brasileira, leciona na graduação e no Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da UFRJ.
Doutor e mestre em Letras Vernáculas pela mesma instituição.
Atualmente, desenvolve pesquisa sobre a produção verbovisual de Raul Pompeia e sobre as relações entre texto e imagem em livros do Simbolismo brasileiro.
É autor de Literatura brasileira: pontos de fuga (Verve, 2014), Júlio Ribeiro (ABL, 2011), Melhores crônicas de Humberto de Campos (Global, 2009), dentre outros títulos.
Palestra 1
Imaginando naturezas: ecocrítica, afeto e literatura brasileira contemporânea
Resumo da palestra
Esta palestra examinará a intersecção entre literatura e imaginário ecocrítico na literatura brasileira contemporânea.
A comunicação se debruçará sobre textos literários recentes que imaginam a natureza e refletem sobre a relação entre o mundo natural e seus habitantes humanos.
O ponto de partida para essas reflexões será o conceito cunhado pelo estudioso norte-americano Rob Nixon de “violência lenta” (slow violence), que conecta a marginalização socioeconômica à violência ambiental.
A partir dessa noção e de uma análise que combina a teoria ecocrítica e a teoria do afeto, se pensará em como a produção literária não somente imagina as crises ambientais que assolam nosso planeta hoje em dia, mas também como a literatura pode ser ativada como forma de engajamento ecológico.
Palestrante
Professora de Literatura e Cultura Brasileira no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University (EUA).
Sua pesquisa foca em questões de cidadania, direitos humanos e justiça social, ecocrítica na literatura brasileira e latino-americana contemporânea.
Seu livro Citizenship and Crisis in Contemporary Brazilian Literature (Cidadania e crise na literatura brasileira contemporânea, Palgrave Macmillan, 2013) examina, na literatura brasileira contemporânea, a representação e a crítica do que James Holston (2008) definiu como “cidadania diferenciada”.
Palestra 2
Olhares contemporâneos da crítica sobre a literatura brasileira
Resumo da palestra
Esta fala pretende analisar posicionamentos da crítica literária sobre a literatura brasileira, prestando atenção aos seus diálogos sobre a contemporaneidade.
Em primeiro lugar, será pensada a transversalidade de certos olhares críticos e, nesse sentido, suas ações em relação com o contemporâneo enquanto cotidiano, compreendido não como a inércia do dia a dia, mas como uma forma de vida ligada à criatividade e à agência.
Também será abordada a dimensão catastrófica de olhares que levam a pensar a ideia de contemporaneidade ligada à dimensão do fim (o fim da literatura, o fim do livro, o fim da crítica) e à superação desse fim direcionado para além das fronteiras categoriais.
Finalmente, serão discutidos certos posicionamentos da crítica um tanto contemporâneos num sentido agambeniano, a partir da análise de determinadas produções que realizam um desvio iluminador sobre alguns posicionamentos estabelecidos.
Palestrante
Professora de Literatura Brasileira na Facultad de Filosofía y Letras da Universidade de Buenos Aires.
É também pesquisadora do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnológicas (CONICET).
É formada em Letras (UBA), magíster em Antropologia Social (UNSAM), doutora em Letras (UBA) e pós-doutora em Estudos Culturais (UFRJ).
É pesquisadora do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (UnB) e do Programa Avançado em Cultura Contemporânea (UFRJ).
É autora de Cuidado com os poetas! Literatura e periferia na cidade de São Paulo (Zouk, 2017), Antología saraus; Movimiento/Poesía/Periferia/São Paulo (Tinta Limón, 2014), Polifonias marginais (Aeroplano, 2016), junto com Érica Peçanha, Mário Medeiro e Ingrid Hapke, Literatura e periferias (Zouk, 2019), junto com Regina Dalcastagnè, entre outros títulos.
É também tradutora literária do português para o espanhol e editora de Mandacaru Editorial.
Palestra 3
Corpos que se inscrevem como voz e ato na poesia de autoria feminina
Resumo da palestra
O corpo escrito na página e o deslizamento da página para o corpo constituem, tensionalmente, um dos aspectos mais vigorosos da poesia escrita por mulheres na atualidade.
Partindo do gesto relacional entre texto e política nos estudos literários e na crítica feminista, esta fala pretende apresentar o trabalho criativo e crítico de poetas brasileiras contemporâneas que compreendem o poema como voz e ato contra o discurso de violência física, simbólica, epistêmica, que permeia a história social, educacional, cultural, mesmo literária, de mulheres.
Propomos, com esta leitura, ensejar uma reflexão sobre o valor social da obra literária como exercício de liberdade, luta pelo direito aos direitos, lugar de pertencimento, espaço de visibilidade, canto de textura social da vida, transformação do silêncio em linguagem – matérias sobre “corpos que importam”, configuradas como materialidade poética em obras jamais neutras, passivas ou estáticas.
Palestrante
Professora associada de Literatura Brasileira da UFRJ, doutora e mestre em Letras pela UFF, coordenadora do NIELM/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura), grupo de pesquisa certificado pelo CNPq.
Realizou estágio de pós-doutoramento na Indiana University, desenvolvendo pesquisa no Kinsey Institute e no acervo de Sylvia Plath da Lilly Library.
Autora de diversos artigos e ensaios sobre poesia de autoria feminina, desenvolve pesquisa sobre as relações entre poesia, política e questões de gênero.
Suas publicações e organizações de livros incluem O enigma mulher no universo masculino machadiano (EdUFF, 2000), Literatura e poder (Contracapa, 2006), Experiência do limite: Ana Cristina Cesar e Sylvia Plath entre escritos e vividos (EdUFF, 2009), Euclides da Cunha: presente e plural (EdUERJ, 2010), Euclides: mestre-escola (EdUERJ, 2015), Escritas do corpo feminino: perspectivas, debates, testemunhos (Oficina Raquel, 2018).
FALE CONOSCO
E-mail: cippglev@letras.ufrj.br
PLATAFORMA DO CONGRESSO

Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Eugenia Lammoglia Duarte
Vice-Coordenadora: Profa. Dra. Eliete Figueira Batista da Silveira
Secretário: Renato Martins e Silva