Literatura Portuguesa
Em três simpósios do evento, a atenção se concentrará na ficção e na poesia produzidas em solo português.
Docentes, pós-doutorando(a)s, doutorando(a)s e mestrando(a)s do Brasil e do exterior apresentarão comunicações com duração entre 10 e 15 minutos.
Para acessar as sessões de comunicação pela Plataforma Google Meet, por favor, clique na Lista de links das salas dos simpósios.
Ao clicar no botão abaixo, você conhece horários, resumos e demais informações dos simpósios, assim como das mesas-redondas e conferências.
Papéis redescobertos e revisitados. Documentos inéditos de Fernando Pessoa 85 anos depois
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Resumo do simpósio
Este simpósio tem por objetivo estabelecer diálogo entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros dedicados à investigação da obra de Fernando Pessoa, com especial enfoque na mais recente tomada de perspectiva que os estudos pessoanos assumiram, sobretudo nos últimos vinte anos, o que poderia ser denominado de “redescoberta do espólio”.
O resultado dessa nova tomada de posição resultou na organização das celebradas edições críticas, que possibilitaram rediscussão sobre o estatuto do conjunto de escritos do autor português.
Após 85 anos da morte de Pessoa, continuam os estudiosos e críticos a descobrir e redescobrir papéis que redimensionam sua poética, lançando uma nova luz sobre o que se conhece do processo de criação e concepção de sua obra, conceitual e materialmente multidimensional e fragmentária.
Sobre os coordenadores
Jerónimo Pizarro é professor da Universidad de los Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e doutor pela Universidade de Harvard (2008) e pela Universidade de Lisboa (2006), em Literaturas Hispânicas e Linguística Portuguesa.
No âmbito da Edição Crítica das Obras de Fernando Pessoa, publicadas pela INCM, contribuiu com sete volumes, sendo o último a primeira edição crítica de Livro do desassossego.
Em 2010, a D. Quixote publicou A biblioteca particular de Fernando Pessoa, livro que preparou com Patricio Ferrari e Antonio Cardiello, depois de os três coordenarem a digitalização dessa biblioteca com o apoio da Casa Fernando Pessoa.
Em 2011, a Legenda publicou o livro Portuguese Modernisms in Literature and the Visual Arts, coorganizado com Steffen Dix, com quem já tinha coeditado, em 2008, um número especial da revista Portuguese Studies, e, em 2007, um livro de ensaios, A arca de Pessoa.
De 2011-2013 foi o coordenador de duas novas séries da Ática (1. Fernando Pessoa | Obras; 2. Fernando Pessoa | Ensaística), contribuindo com mais de dez volumes.
Atualmente dirige a “Colecção Pessoa” da Tinta-da-china.
Em 2013, foi o comissário da visita de Portugal à Feira Internacional do Livro de Bogotá́ (FILBo) e ganhou o Prémio Eduardo Lourenço.
Rafael Santana é professor adjunto de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Literatura Portuguesa pela mesma universidade, com tese sobre a prosa e a correspondência literárias de Mário de Sá-Carneiro.
Sua atuação profissional incide sobretudo no Decadentismo, no Modernismo e nos ecos do fim de século na literatura contemporânea, quer no que se refere à narrativa, quer no que tange à poesia.
Tem publicações no Brasil e no exterior e é coorganizador dos eventos “Jornada Mário de Sá-Carneiro: 100 anos depois” (UFF-UFRJ), “Há 100 anos Orpheu canta para Cleonice” (UFRJ) , “100 Futurismo: a vez das Vanguardas” (UFRJ-UFF-UERJ) e “E, agora, José(s): 20 anos depois (UFRJ-UERJ)”.
Ministrou diversos cursos a respeito da Geração de Orpheu no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), dentre os quais se destacam: “Por que ler Fernando Pessoa” e “Mário de Sá-Carneiro em foco”.
Atualmente, dirige o projeto de pesquisa “Camões no Oriente”.
Rodrigo Xavier é professor associado de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador da Cátedra Jorge de Sena para Estudos Luso-Afro-Brasileiros.
É doutor em Letras pela PUC-Rio (2009), com estágio pós-doutoral pela Universidade de Chicago em Estudos Germânicos (Fulbright Visiting Scholar 2015-2016).
Tem dedicado seu trabalho de pesquisa aos estudos comparatistas com enfoque na poesia e no teatro modernos, em especial na obra de Fernando Pessoa, contribuindo como investigador na equipe coordenada pelo crítico Jerónimo Pizarro.
Cem anos de poesia: casa e metamorfose
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Resumo do simpósio
“A casa teve, desde o início, várias metamorfoses”. A frase da obra Finisterra, de Carlos de Oliveira, é o ponto de partida desta proposta de simpósio onde se deseja reunir pesquisadores — do Brasil, de Portugal e de outros países — que compreendem a poesia também como morada, observando as metamorfoses que constroem a poesia em língua portuguesa ao longo do último século.
Neste exercício que compreende uma espécie de edificação comunitária, num momento histórico em que somos instados a — separados — reaprender como estar em casa, põem-se em questão os aspectos da construção que serve a um só tempo de abrigo e claustro.
A partir dessa premissa e das infinitas possibilidades em torno da literatura, o simpósio acolherá propostas que pensem em articulações entre a poesia e as outras artes — com destaque para as relações entre a poesia e a pintura, a arquitetura, o cinema e a fotografia —, assim como articulações entre a poesia e a filosofia, a política, a psicanálise, a história e outras áreas do saber, sempre girando em torno da imagem central da casa que nos acolhe — seja o edifício, seja o poema.
No ano do centenário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que abriga este congresso virtual, é tempo de revirar os papéis da casa.
Sobre as coordenadoras
Joana Matos Frias é professora associada da Universidade de Lisboa, tendo pertencido antes à Universidade do Porto, onde foi membro da direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e onde integra ainda o Grupo Intermedialidades. É também membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Retórica.
A sua atividade crítica incide sobre as poesias portuguesa e brasileira modernas e contemporâneas, numa perspectiva preponderantemente interartística.
É autora dos livros de ensaios O erro de Hamlet: poesia e dialéctica em Murilo Mendes (2001, Prémio de Ensaio Murilo Mendes), Repto, rapto (2014), Cinefilia e cinefobia no Modernismo Português (2014) e O murmúrio das imagens (2 volumes, 2018, Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho/APE).
Luciana dos Santos Salles é professora adjunta de Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mestre em Ciência da Literatura (Poética) e doutora em Letras Vernáculas (Literaturas Portuguesa e Africanas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Autora de Poesia e o Diabo a quatro: Jorge de Sena e a escrita do diálogo (São Paulo: Livronovo, 2009 – trabalho vencedor do Prêmio Capes de Tese, 2010), Histórias contadas pelo Bicho-Papão: Oscar Wilde, João do Rio e Horacio Quiroga para crianças (São Paulo: Porto de Ideias, 2009) e diversos artigos publicados no Brasil e no exterior.
Pesquisadora e professora com experiência nas áreas de Literatura Portuguesa, Literatura Infantil e práticas intertextuais, interdisciplinares e intersemióticas.
Sofia de Sousa Silva é professora associada de Literatura Portuguesa, tendo antes lecionado na Universidade Federal de São Paulo e na PUC-Rio.
Tem mestrado e doutorado pela PUC-Rio, com tese sobre as obras de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Adília Lopes.
Desenvolveu pesquisa de pós-doutorado na Universidade do Porto, em Portugal, em 2018, com a qual mantém intercâmbio como pesquisadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa desde 2015 e membro da rede internacional de pesquisa Lyra Compoetics.
Organizou a antologia Aqui estão as minhas contas: antologia poética de Adília Lopes (Rio de Janeiro, Bazar do Tempo, 2019) e publicou o volume Fernando Pessoa: para descobrir, conhecer e amar (Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016).
Os contos portugueses nos séculos XX e XXI
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Resumo do simpósio
O gênero conto é formato vastamente cultivado em Portugal, especialmente a partir dos anos 1800, como confirmaria João de Melo: “Tal como o concebemos hoje, o conto chegou à literatura portuguesa só no século XIX” — tempos de românticos e realistas como Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Julio Dinis, Fialho de Almeida, Teófilo Braga e Trindade Coelho. Certamente, Melo faz aqui referência ao conto moderno, que Julio Cortázar define como “o que nasce com Edgar Allan Poe, e que se propõe como uma máquina infalível destinada a cumprir sua missão narrativa com a máxima economia de meios”. Mas não podemos excluir da tradição contística portuguesa nomes mais antigos, como o de Gonçalo Fernandes Trancoso, autor do século XVI considerado o primeiro contista de Portugal, ao menos no tocante ao chamado conto de autor (as narrativas orais populares evidentemente são mais remotas).
Não resta dúvida de que o século XIX é fundamental para o desenvolvimento do conto português, tendo em conta seu expoente maior, Eça de Queirós, para quem, “no conto, tudo precisa de ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos apenas o que caiba num olhar ou numa dessas palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida”. E o fato de ser lembrado nomeadamente como romancista não é impedimento para que a crítica o reconheça como autor dos mais bem alcançados resultados da contística de Portugal.
Curiosamente, o mesmo ocorrerá com frequência a partir do século XX: muitos contistas serão consagrados mais por outras atividades artísticas do que por sua dedicação às narrativas breves, não obstante a franca qualidade desta atividade. Não somente autores que, como Eça, a princípio gozam de maior reconhecimento por seus romances (Aquilino Ribeiro, Agustina Bessa-Luís, Vergílio Ferreira, José Saramago, Fernando Namora, Mário Cláudio, Luísa Costa Gomes e José Riço Direitinho, por exemplo), mas também outros notabilizados principalmente pela sua produção poética (Mário de Sá-Carneiro, José Régio, Vitorino Nemésio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, David Mourão-Ferreira, Miguel Torga e Jorge de Sena) ou mesmo pela dramaturgia (caso de António Patrício) e pelas artes plásticas (Almada Negreiros) figuram com justiça nas mais bem organizadas antologias de contos de que se tem notícia.
Nessas mesmas coletâneas, por outro lado, encontramos também contistas por excelência, aqueles que podemos distinguir em especial por esse ofício ligado à narrativa breve, de que destacaríamos escritores como Domingos Monteiro, Branquinho da Fonseca, Irene Lisboa, Maria Judite de Carvalho, José Rodrigues Miguéis, Maria Isabel Barreno, Maria Ondina Braga, Urbano Tavares Rodrigues e outros mais.
Eis que esse indubitável valor do conto nas letras portuguesas, portanto, não chega ao século XXI sem frutos. Nas últimas décadas várias distinções, como o Grande Prêmio de Conto Camilo Castelo Branco (vinculado à Associação Portuguesa de Escritores), ao galhardear obras como as de Teresa Veiga, Mário de Carvalho, Maria Velho da Costa, Teolinda Gersão, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, Ana Margarida Carvalho e Afonso Cruz, dentre tantas, contribuem para a construção do cânone do conto português na contemporaneidade.
Desse modo, este simpósio tem a intenção de analisar como se desenvolve em Portugal o gênero conto nos séculos XX e XXI, inventariando seus principais autores, interpretando sob variados vieses as suas obras, discutindo que teorias artísticas ou contextos políticos ou tendências sociais e filosóficas motivam suas produções e levantando a frequência com que hoje a academia aprecia essa manifestação literária nessa longa jornada do gênero em Portugal.
Sobre os coordenadores
Luci Ruas Pereira é doutora em Literatura Portuguesa (1994) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual é professora associada.
Membro efetivo do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas – no qual é representante da área de concentração de Literatura Portuguesa –, desenvolve projeto de pesquisa sobre a literatura portuguesa contemporânea, em suas relações com as outras artes, em obras de Vergílio Ferreira, Maria Gabriela Llansol, José Cardoso Pires, entre outros.
É regente da Cátedra Jorge de Sena para Estudos Luso-Afro-Brasileiros e editora da revista Metamorfoses.
Atualmente, coordena o Curso de Especialização em Literatura Infantil e Juvenil do PPGLEV.
Marcelo Pacheco Soares é mestre e doutor em Literatura Portuguesa pela UFRJ, com pós-doutorado em Estudos Literários pela UFF.
Conduz pesquisas principalmente sobre contos fantásticos, dedicando-se às obras de José Saramago, Jorge de Sena e Murilo Rubião e, mais recentemente, Isabel Barreno e Teresa Veiga, cujos resultados estão publicados em artigos diversos de periódicos do Brasil e da Europa.
É professor efetivo de Língua Portuguesa e Literaturas do IFRJ, onde atuou como conselheiro da área de Linguística, Letras e Artes no Conselho Acadêmico de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação, exerceu a função de diretor de Apoio Técnico ao Ensino e de coordenador do Curso de Especialização em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileiras no Campus São Gonçalo.
Hoje, desenvolve suas atividades no Campus Nilópolis da instituição, com maior carga horária dedicada à educação de jovens e adultos.
Silvie Špánková é professora de Literatura Portuguesa na Universidade Masaryk de Brno, República Checa (desde 2002).
Dotourou-se pela Universidade Carolina de Praga (2010).
Publicou o livro Pelos caminhos do insólito na narrativa breve de Branquinho da Fonseca e Domingos Monteiro (2020) e vários ensaios sobre a ficção portuguesa dos séculos XIX e XX.
É redatora da revista acadêmica Études Romanes de Brno.
Atualmente dedica-se ao estudo da narrativa breve portuguesa (sobretudo nas vertentes do insólito, fantástico e gótico), da ficção de autoria feminina e do imaginário urbano na literatura.
FALE CONOSCO
E-mail: cippglev@letras.ufrj.br
PLATAFORMA DO CONGRESSO

Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas
Coordenadora: Profa. Dra. Maria Eugenia Lammoglia Duarte
Vice-Coordenadora: Profa. Dra. Eliete Figueira Batista da Silveira
Secretário: Renato Martins e Silva