Literatura Brasileira

O evento terá quatro simpósios dedicados à ficção e à poesia brasileiras.

Docentes, pós-doutorando(a)s, recém-doutore(a)s, doutorando(a)s, recém-mestre(a)s e mestrando(a)s do Brasil e do exterior apresentarão comunicações com duração entre 10 e 15 minutos.

Para acessar as sessões de comunicação, por favor, clique na Lista de links das salas dos simpósios.

Ao clicar no botão abaixo, você conhece horários, resumos e demais informações dos simpósios, assim como das mesas-redondas e conferências.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

À procura das tecnologias “menores”: poesia escrita por mulheres

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Resumo do simpósio

O advento do covid-19, como um acontecimento filosófico e cultural, instituiu um tipo de contabilidade e de economia dos gestos até então inédito. A constatação de nossa vulnerabilidade e impotência diante do vírus, a ameaça infectante de todo e qualquer corpo, o retorno da mortalidade à cena como definidora da vida humana, a ditadura do modo on line – para os que não são forçados ao risco diário de exposição ao vírus – e sobretudo a explicitação de que certas vidas nunca importaram (veja-se o genocídio de grupos marginalizados) – produziram bruscamente a sensação de um mundo, de muitos mundos, em queda.

Este tempo de que somos contemporâneos, por outo lado, tem sido marcado por uma série de lutas históricas pela sobrevivência de culturas e modos de vida desviantes, de novos arranjos e sentidos de pertencimento, dado o processo de exaurimento generalizado produzido pelo capital liberal.

A absolutização antropocêntrica, branca, patriarcal e colonial da história, como se sabe, foi pródiga na produção de tecnologias da morte. O vírus, se pensado como a intrusão de uma alteridade violenta, para falar com Isabelle Stengers, anuncia a falência desse modelo civilizacional e – por que não dizer? – epistêmico, que negligencia, discrimina e elimina todas as formas de vida não normativas, assim como seus pequenos acontecimentos extraordinários e suas tecnologias menores.

Para as mulheres, especialmente as pobres, as negras e as indígenas, alvos preferenciais da domesticação e do controle de seus corpos, essas tecnologias menores, formas de intervenção e resistência à voragem das muitas formas de morte, constituem práticas de existência marcadas por outra qualidade, isto é, pela ideia de comum e comunidade, pela articulação de redes de cuidado de si e do outro, num esforço político e ético de elaboração de uma contranarrativa da história.

A partir desse contexto e ouvindo Silvina Lopes Rodrigues, para quem a poesia, por recusar a eterna repetição do mesmo, produz atrito, desvio, confronto nos limites da linguagem, serão bem-vindas a este simpósio reflexões, a partir da poesia escrita por mulheres, que possam contribuir tanto para a compreensão da diversidade de paisagens da poesia contemporânea quanto para a discussão da poesia como gesto interventivo e testemunhal no presente, assim como para as reflexões sobre a ideia da própria poesia como uma tecnologia menor que, ao se inscrever no mundo, articula, ela própria, outras dimensões ético-políticas.

Sobre as coordenadoras

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Anélia Pietrani é professora associada de Literatura Brasileira da UFRJ, doutora e mestre em Letras pela UFF, coordenadora do NIELM/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura), grupo de pesquisa certificado pelo CNPq.

Realizou estágio de pós-doutoramento na Indiana University, desenvolvendo pesquisa no Kinsey Institute e no acervo de Sylvia Plath da Lilly Library.

Autora de diversos artigos e ensaios sobre poesia de autoria feminina, desenvolve pesquisa sobre as relações entre poesia, política e questões de gênero.

Suas publicações e organizações de livros incluem O enigma mulher no universo masculino machadiano (EdUFF, 2000), Literatura e poder (Contracapa, 2006), Experiência do limite: Ana Cristina Cesar e Sylvia Plath entre escritos e vividos (EdUFF, 2009), Euclides da Cunha: presente e plural (EdUERJ, 2010), Euclides: mestre-escola (EdUERJ, 2015), Escritas do corpo feminino: perspectivas, debates, testemunhos (Oficina Raquel, 2018).

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Luciana Namorato é professora de Literatura Luso-Brasileira e diretora do Programa de Português da Indiana University, em Bloomington, Estados Unidos.

Foi coordenadora do Grupo de Pesquisa de Estudos Brasileiros, do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da mesma instituição.

É mestra e doutora em Literatura pela University of North Carolina-Chapel Hill (EUA).

É autora, entre outras publicações, de Diálogos borgianos: intertextualidade e imaginário nacional na obra de Jorge Luis Borges e de Antonio Fernando Borges (Brasil, 7Letras, 2011), e coeditora de La palabra según Clarice Lispector: aproximaciones críticas (Peru, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2011) e Images of Madness: An Interdisciplinary Perspective (EUA, From the Scholars Desk, 2010).

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Martha Alkimin é professora associada do Departamento de Ciência da Literatura da Faculdade de Letras da UFRJ e docente permanente do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas.

Possui doutorado em Letras (PUC-Rio), estágio pós-doutoral na mesma instituição, ambos sobre teoria da ficção e contemporaneidade, e mestrado em Educação, na área de movimentos sociais e políticas públicas (UFF).

Atualmente pesquisa poesia contemporânea brasileira, com ênfase nas relações entre poesia, ética e política, assim como a produção poética escrita por mulheres a partir do século XXI, no marco das noções de testemunho, experiência (em) comum e memória do presente.

Poesia em trânsitos

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Resumo do simpósio

Em pleno quadro de isolamento social e quarentena, o simpósio se propõe a pensar a poesia brasileira moderna e contemporânea produzida a partir de forças geradas pelo deslocamento, como se escrever implicasse, necessariamente, movimento.

Cabe pensar, de imediato, as poéticas do modernismo como fluxos culturais e linguísticos: da redescoberta do território/nação a partir de viagens – literais ou imaginárias – dentro do próprio país, uma espécie de etnografia artística, até os intercâmbios com as vanguardas europeias. Trata-se, aqui, portanto, do amplo espectro da viagem. Em todos os casos, está sob o foco da atenção o deslocamento estético, cultural e ideológico.

Tomando por base a proposição de Giulio Carlo Argan de que a história da arte pode ser pensada como história da cidade, cabe pensar a poesia brasileira a partir das tensões entre centro e periferia, metrópole e província, cidade e campo. A urbanidade deve ser entendida não só como tema, mas sobretudo como experiência incorporada às dimensões mais complexas da trama textual.

Uma série de possibilidades se abrem a partir daí, desde a leitura dos versos que buscam ser um registro de viagem até a escrita que procura assinalar um trânsito intercultural, das escritas do lugar aos efeitos de um não-lugar que certa poesia contemporânea traz à cena.

Frente à grave crise ambiental dos dias de hoje, é inevitável que perguntemos se o contemporâneo é a consciência radical desse quadro. O simpósio propõe como um de seus eixos a relação entre paisagem e poesia, e, consequentemente, o exame da escrita poética no quadro de uma crise ecológica sistêmica, na qual irrompe a construção de uma fenomenologia da paisagem.

Questões-chave: território, experiência urbana, patrimônio cultural, museografia, paisagem, deslocamento, tradução, trânsito, fronteiras, (i)migração.

Sobre os coordenadores

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Carlos Mendes de Sousa é professor de Literatura Brasileira na Universidade do Minho. 

Sua tese de doutoramento sobre Clarice Lispector foi publicada em 2000 com o título Figuras da escrita e conquistou o Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Autores – APE, sendo editada no Brasil em 2012.

Organizou, entre outros livros, a Poesia reunida de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Publicou ensaios sobre poetas portugueses – Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Luís Miguel Nava, Miguel Torga – e brasileiros – como João Cabral de Melo Neto e Murilo Mendes.

É um dos editores da revista de poesia Relâmpago, editada pela Fundação Luís Miguel Nava, da qual é um dos diretores

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Eucanaã Ferraz é professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da UFRJ.

Poeta, publicou, entre outros, Desassombro (2002, Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional) Sentimental (2012, Prêmio Portugal Telecom de Melhor Livro de Poesia).

Seus livros de poemas, oito ao todo, foram reunidos em 2016 em um único volume pela Casa da Moeda/Imprensa Nacional de Lisboa.

Também escreve poesia para a infância, podendo-se destacar Palhaço, macaco, passarinho (2010, Prêmio Ofélia Fontes, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Melhor Livro para a Criança).

Organizou, entre outros, livros de Caetano Veloso, Vinicius de Moraes e Sophia de Mello Breyner Andresen.

Também atua como consultor de literatura do Instituto Moreira Salles. 

Diálogo e convergências: a literatura e as outras artes

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Resumo do simpósio

Desde as suas origens, a literatura esteve ligada à música. Esta relação se intensifica em vários momentos desde a Antiguidade, atingindo uma culminância nessa revolução poética que foi o Simbolismo. Já aqui outras manifestações artísticas acorrem ao literário, e o Simbolismo se faz um acontecimento também das artes plásticas, sem esquecer o aporte com que revitalizou o teatro e mesmo o interesse pelo balé que empolgou alguns poetas.

Com La Dernière Mode, publicação capitaneada por Mallarmé, e o fenômeno do dandismo, a moda e a decoração também estreitam laços com a literatura, numa incorporação recíproca de linguagens e perspectivas. As vanguardas da virada do século passado impulsionam a parceria entre literatura, pintura, cinema e fotografia, e o século XX testemunha ainda os vínculos que se criam com a arquitetura.

Daí em diante, cada vez mais a troca entre as artes se revela uma realidade dinâmica que a todas estimula e aproveita. A contemporaneidade assiste a um intercâmbio dialógico sem precedentes entre os inúmeros modos de expressão criadora, valendo-se para isso de todos os suportes disponíveis e, sempre inquieta e empreendedora, inventando formas inéditas de interação.

O simpósio que propomos situa-se no centro desta ampla rede interartística que a literatura acolhe e sedia. Estão todos convidados a apresentar propostas de comunicação que alimentem e enriqueçam esta discussão.

Sobre os coordenadores

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Gilberto Araújo é professor adjunto de Literatura Brasileira e professor do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da UFRJ.

Doutor e mestre em Letras Vernáculas pela mesma instituição.

Atualmente, desenvolve pesquisa sobre a produção verbovisual de Raul Pompeia e sobre as relações entre texto e imagem em livros do Simbolismo brasileiro. 

É autor de Literatura brasileira: pontos de fuga (Verve, 2014), Júlio Ribeiro (ABL, 2011), Melhores crônicas de Humberto de Campos (Global, 2009), dentre outros títulos. 

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Maria Aparecida Fontes é professora/pesquisadora de Literatura Portuguesa e Brasileira do Dipartimento di Studi Linguistici e Letterari, da Università Degli Studi di Padova, artista plástica, tradutora e poeta.

Tem pós-doutorado em Studi Linguistici Culturali Comparati, pela Università Ca’Foscari di Venezia, e é doutora em Letras pela UFRJ, em cotutela com a Università di Roma “La Sapienza”.

Foi professora na Università di Verona, na Università di Bologna e na Universidad Católica de Chile, onde foi também professora visitante nos cursos de mestrado e doutorado, com bolsa “Conicity” do governo chileno.

É diretora da Coleção LusoAfroBrasiliana da Editora Aracne de Roma.

Dentre suas publicações recentes, destacam-se os livros A beleza é voz de Estado. Futurismo: mito, arte, política e poética na construção da identidade nacional (2015) e Lei. Studio sulle scrittrici brasiliane contemporanee (2018), Arcane, Roma, e Mímesis (des)encarnada: entre imagens e textos luso-brasileiros (2020), Lisboa, Porto, Edições Esgotadas.

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Maria Lucia Guimarães de Faria é professora associada de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde ministra cursos na graduação e na pós-graduação. 

Fez mestrado na UnB e o doutorado na UFRJ.

Atualmente desenvolve pesquisa sobre o ato poético e sobre o trabalho de criação em linguagem.

Sua linha de pesquisa, “Estudos Interdisciplinares”, lhe permite transitar entre a poesia e a ficção e abrir-se ao intercâmbio com literaturas de outras nacionalidades, especialmente as de língua inglesa e francesa, e com outras formas do pensar, notadamente a filosofia e a mitologia.

Apesar de sua forte ligação com a literatura dos séculos XIX e XX, também faz parte da Comissão Permanente do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea da UFRJ.

Foi uma das organizadoras dos livros Veredas no sertão rosiano (7Letras, 2007) e Secchin, uma vida em Letras (Editora da UFRJ, 2011).

Por onde anda a ficção brasileira contemporânea?

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Resumo do simpósio

Nas últimas décadas, o número de ficcionistas cresceu a grande velocidade mundo afora, como decorrência de fatores tão variados quanto a popularização das técnicas narrativas, o advento da internet e a facilitação dos processos editoriais. No Brasil, o fenômeno ganhou um impulso especial devido à ampliação do percentual de alfabetizados, com possível destaque para a dilatação do contingente de compatriotas com curso universitário.

Atenta a seu tempo, a universidade vem acompanhando de perto essa verdadeira efervescência, mediante a realização de pesquisas que cobrem desde a presença até a ruptura da tradição em certos escritos, passando pelos nexos com outras formas de criação e a ultrapassagem das fronteiras de gênero. Em igual medida, tem investigado as diferentes maneiras de incorporação da voz dos excluídos, injustiçados e perseguidos, ora inventariando sua presença nos enredos, ora focalizando o protagonismo autoral da periferia.

Nossa proposta é justamente acolher essas múltiplas leituras de contos, novelas e romances publicados nas últimas décadas. Desde abordagens de obras inteiras até cortes verticais de textos isolados, interessa jogar luz sobre as buscas empreendidas. Desde ensaios de cunho analítico até trabalhos predominantemente teóricos, importa lançar mão do instrumental reflexivo em circulação no campus para trazer à tona a pluralidade do presente.

Naturalmente, esse movimento precisa fazer par com a manutenção de uma salutar autocrítica em relação àquilo que desenvolvemos como pesquisadores, acrescida da atenção às demais instâncias de leitura (como suplementos literários e blogs, por exemplo), sempre vistas em pé de igualdade. Assim, podemos tratar de nosso objeto de estudo com democracia, no tocante à produção e também à recepção.

Objetivamente, convidamos mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e docentes de instituições do Brasil e do exterior a participarem de nosso simpósio, mediante a apresentação de comunicações sobre os caminhos percorridos pelos ficcionistas e acerca dos diferentes aspectos da recepção de seus livros dentro e fora do território nacional.

Sobre os coordenadores

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Godofredo de Oliveira Neto é professor titular de Literatura Brasileira da UFRJ.

Mestre e doutor, respectivamente, pelas universidades Sorbonne Nouvelle – Paris III e UFRJ. Fez pós-doutorado na Georgetown University, EUA.

Foi professor das universidades de Veneza C’A Foscari e Sorbonne Nouvelle – Paris III.

Conferencista em instituições brasileiras e estrangeiras, entre elas Unicamp, Stanford University, Sorbonne e Universidade de Aarhus, Dinamarca.

Autor de quinze livros, entre obras de ficção e de crítica literária.

Participou de 130 bancas de doutorado e mestrado, das quais 37 como orientador (seis como supervisor de pesquisa de pós-doutorado).

Foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da UFRJ, pró-reitor da UFRJ, presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa da CPLP, presidente da Comissão de Língua Portuguesa do MEC, entre outras atividades administrativas na área de ensino.

Foi membro titular do Conselho de Cultura do Rio de Janeiro e integra várias comissões editoriais e instituições culturais do Brasil e do exterior.

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Laíse Ribas Bastos é doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com tese sobre a poesia de Francisco Alvim.

Participou da antologia Uma pausa na luta (Mórula, 2020) e da coletânea de ensaios Teoria, poesia, crítica (7Letras, 2012).

Pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos Literários & Culturais (UFSC), foi editora do Boletim de Pesquisa NELIC.

É professora adjunta de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e uma das editoras da revista Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea (PPGLEV/UFRJ).

No momento, organiza o dossiê “Literatura: urgência e sentido”, a ser publicado na revista Diadorim (PPGLEV/UFRJ) no primeiro semestre de 2021.

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Vera Horn é professora da Universidade de Veneza (Università Ca’ Foscari Venezia).

Graduou-se em Letras (Português-Literaturas em 1988 e Português-Italiano em 1992) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Fez mestrado na Universidade de São Paulo (USP) em 2000.

Doutorou-se na Universidade de Pisa (2007) e fez aperfeiçoamento na Universidade de Veneza (2008).

Atualmente está concluindo o pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas da UFRJ.

Traduziu para o português obras de Giacomo Leopardi, Tommaso Landolfi e Lorenzo Da Ponte, entre outras.

Publicou artigos e ensaios em revistas brasileiras, americanas e europeias.

FALE CONOSCO

E-mail: cippglev@letras.ufrj.br

PLATAFORMA DO CONGRESSO

Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas

Coordenadora: Profa. Dra. Maria Eugenia Lammoglia Duarte

Vice-Coordenadora: Profa. Dra. Eliete Figueira Batista da Silveira 

Secretário: Renato Martins e Silva